Quando pensamos em famosas sapatilhas portuguesas, não podemos não mencionar as Sanjo. Esta marca, que começou numa pequena cidade de Aveiro, tem uma história cheia de altos e baixos. Desde ser uma peça indispensável no mundo do desporto até o completo desaparecimento, a Sanjo enfrentou diversas fases até conseguir conquistar a segunda oportunidade que merecia.
Como uma marca que, nos anos 90, parecia perto do desaparecimento conseguiu, recuperar a sua popularidade e conquistar o gosto do consumidor atual ?

O Começo de uma Lenda
A marca inicial não surgiu numa fábrica de calçado, como seria de esperar, mas sim numa fábrica de chapéus, que estava aos poucos a cair em extinção o que levou a empresa a explorar novas ideias.
O futuro da Sanjo começou a concretizar-se quando passaram a utilizar borracha como matarial e introduziram as solas vulcanizadas nos calçados. Essa adaptação e inovação tornaram-na uma das maiores marcas de calçado em Portugal, sendo já nos anos 40 e 50, um verdadeiro fenómeno de vendas.
As Sanjo tornaram-se a a imagem vísual de Portugal, funcionando quase como uniforme. A sola de borracha vulcanizada e o logo da marca vêm-se como a imagem mais popular no calçado desportivo português. A Sanjo afirma-se como a marca de desporto mais famosa em Portugal.


A Crise da Sanjo
Nos anos 70, quando o Estado Novo chegou ao fim, a marca alcançou o pico, tornando-se praticamente a imagem do desporto em Portugal, patrocinando várias equipas e atletas. No entanto, com o final da ditadura e a abertura do mercado português, as grandes marcas internacionais como a Adidas, a Converse ou a ainda a Nike começaram a invadir o país, e, aos poucos, a Sanjo foi perdendo o seu espaço.
Nos anos seguintes, o design começou a perder popularidade com a chegada dos concorrentes, e, apesar das tentativas de adaptação ao novo mercado, a Sanjo não conseguiu concorrecer com as marcas multinacionais. Em 1996, a empresa fechou, deixando um legado de mais de 60 anos de história.

O Renascimento da marca em Portugal
Depois de ter passado por momentos difíceis, em 2019 foi comprada por um grupo empresarial de Braga e reinventaram-se com um novo rebranding. Este retorno trouxe um foco renovado: presevar a tradição que fez da Sanjo uma ícone e dar-lhe um toque moderno e sustentável.
Uma das grandes mudanças foi na produção das solas, que deixaram de ser vulcanizadas para passar a ser solas coladas, para promover soluções ambientais e sustentáveis. Esta mudança mostra a nova era, onde o design e o compromisso ambiental estão presentes. Mas, mesmo assim, as sapatilhas mantêm a sua identidade com o logo e borracha tradicionais que sempre as tornaram especiais.

Sanjo mais cool do que nunca
Um dos grandes lançamentos deste retorno foi a coleção Spring Summer – Heritage Shoes. Uma reprodução fiel à herança da Sanjo no basquetebol com uma estética retro que supreende.
Além do design, conseguiram misturar tradições e, homenagear um ícone do desporto, as sapatilhas são vegan, sustentáveis, resistentes à luz solar e unissexo, com tamanhos do 35 ao 45 em várias cores: preto, verde e vermelho.
Além desta coleção, a marca propõe outras linhas onde incluiram cores recuperadas dos modelos originais, e ainda um par de sapatilhas de performance desenhado para quem gosta de andar de skate.

O regresso da marca dá-nos uma lição de perseverança. Desde as dificuldades de uma época de declínio até o desafio de restaurar uma marca antiga num mercado competitivo. A Sanjo prova que a autenticidade, a qualidade portuguesa e o compromisso com o ambiente podem devolver à marca a relevância que ela merece.
